“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

24 julho 2006

Ambientalidades

As questões ambientais são, para a maioria dos portugueses, formalidades e procedimentos de obrigação comunitária (UE) ou ainda, tabu.
Ou então não passam de brincadeiras de escola, para entreter pedagogicamente as nossas crianças.
À parte disso, o ambientalismo tornou-se ideologia política, na quase exclusividade dos casos, perfeitamente enquadrado com as estruturas políticas da esquerda portuguesa.
Mais do que isto, são meras vontades e exercícios demagógicos e voluntariosos.
No meu caso (e por mais que queiram fundamentar contraditoriamente, não me convencem) e na maioria (99%) dos lares deste rectângulo luso, o ambiente resume-se à separação, acondicionamento e transporte até ao ecoponto mais próximo (alguns longe "pr'o caraças") dos resíduos sólidos familiares. ou então, o "raspanete" da filhota por o papel ter caído no chão público.
Há no entanto, outra questão.
As ligações comerciais e empresariais à defesa ambiental do país, da comunidade internacional e "do todómundo".
O mecenato, seja ela cultural, desportivo ou ambiental, já há algum tempo se adaptou à realidade financeira e comercial dos novos tempos: ninguém dá nada de "borla". nem por "amor à camisola". Há sempre um retorno qualquer. Seja financeiro, seja de imagem, seja promocional, seja etc..
Apesar de tal facto mais que verídico, há a necessidade de se respeitar (e muitas vezes o dever de participar) tais campanhas.
Se é certo que, na maioria das situações, elas resultam num acréscimo financeiro e publicitário de quem as promove ou de quem se associa, também não deixa de ser verdade que há o mérito indiscutível de as levar à prática.
Assim, tenho que louvar a informação que este fim-de-semana recebi do Pingo Doce (cruzamento de s.bernardo) de que a partir do próximo mês de Agosto, os sacos de plástico das compras vão ter o valor de 2 cêntimos e vão ser reutilizáveis e 100% recicláveis.
Quererá isto dizer:
1. O Pingo Doce vai poupar muito dinheiro investido nos sacos.
2. O Pingo Doce vai ganhar 2 cêntimos em cada saco que disponibiliza aos seus clientes.
3. O Pingo Doce, corajosamente porque sujeito à perda de alguns clientes, vai contribuir para preservação ambiental do planeta.
Alguns dados curiosos que fundamentam esta decisão:
- os sacos plásticos são feitos a partir do petróleo e o petróleo está cada vez mais caro (se bem que existem estudos que afirmam que os derivados do petróleo têm um peso muito reduzido no consumo daquele bem - os combustíveis são de facto a maior "fatia").
- um simples saco plástico pode levar até 500 anos a decompor-se na natureza. É muito tempo até à "reforma".
Ambientalidades pela redução do desperdício.

6 comentários:

Nelson Peralta disse...

Desconhecia! Uma excelente medida. O problema é dar o primeiro passo, já que quem o dá fica com desvantagem competitiva com os demais. Assim talvez todos os super e hipers avancem.

Já o Minipreço e o meu preferido Liedl vendem as sacas. Eu uso sempre as caixas de cartão abandonadas nos próprios supermercados.

Al Berto disse...

Viva Miguel:

De facto tudo o que possa ser feito para salvar este planeta...é pouco.
Há muito pouca formação nessa área por parte dos portugueses.
Penso que as coisas estão a melhorar com os nossos jovens e, particularmente, com as crianças da idade da sua filha por exemplo.
Mas é uma aprendizagem constante.

SEPARAR PARA RECICLAR...não custa nada e é dramaticamente importante.

Um abraço,

AC disse...

Negócio Miguel. Creio que o BCP também passou a debitar o custo da carta mensal em que envia o extracto aos clientes. Presumo que seja para os clientes passarem a consultar o saldo on-line e assim, o BCP poupar papel..., poderão argumentar o que quiserem, não passa de transferência de custos para o Zé pagante. A questão do Modelo é igual. Não poderiam simplesmente fazer sacos em papel e continuar a distribui-los gratuitamente – ou antes, continuaríamos a pagá-los no preço dos produtos - ? Quantos clientes vão reutilizar os sacos? Estou-me a ver a chegar a casa e dobrar os saquinhos para a próxima vez! É tudo a sacar!

Terra e Sal disse...

Meu Caro Migas:

Interessante a questão que aqui expõe meu Caro Migas.

No meio de tudo destaco a “resmunguice “ da sua pequerrucha, que acha que o pai se porta muito mal, porque na sua opinião ele facilita de mais com as coisas do ambiente...

Ele é efectivamente um bem inestimável.
Nós os adultos facilitamos muito, fruto de uma educação que nesse sentido, pouco ou nada se ligava.

E por isso mesmo e se calhar porque pensamos “mecanicamente" que aquilo que fazemos é uma gota em relação ao que vemos e sabemos haver por aqui, e pelo mundo.

Depois é também uma questão de comodidade, de inércia muitas vezes, de hábitos que se foram enraizando ao longo de uma vida.

São um sem número de coisas que fazemos todos os dias e a todas as horas, que persistiram durante anos e anos sem nunca nos "apercebermos".

Os garotos não sabem a tabuada, mas pelo menos preservam algo de bom...
É que para a tabuada como dizem têm as máquinas, e para o lixo também as há, mas não são distribuídas individualmente.

É um bom sinal, é a garantia de um futuro melhor para todos eles, e para os vindouros.

Mas há muito ainda a fazer, há muita coisa pior que o papel e se calhar mesmo que o plástico...
Estes plásticos e papeis vulgares, geralmente e até por hábitos que já vão entrando, acabam sempre por ir parar a um contentor qualquer, para serem eliminados com alguma segurança.

Os óleos é que são a meu ver um grande quebra-cabeças e de difícil resolução.
Já há legislação adequada para as industrias que os consomem.

E os outros, os domésticos?
E aqueles que se compram num hipermercado qualquer para meter no carro em casa, e que depois de mudado, para onde vão os resíduos resultantes da mudança?

E as pequenas oficinas de biscates, espalhadas por todo o país, como trabalham?

Um simples litro de óleo quantos milhares de litros de água contamina e durante quantos e quantos anos?

Complicado tudo isto.
As crianças são efectivamente a grande esperança a grande aposta, mas é uma aposta que tem de ser mesmo séria.

Elas são a nossa própria e verdadeira reciclagem.

Não vou muito pelos hipers e congéneres e pelas suas boas vontades.
Não é essa a sua função, nem estão vocacionados para isso.
Ali o que os preocupa e não contesto, é o lucro

Mas compreendo que manifestam essa preocupação e que façam saquinhos e saquetas, mas que se mexam.

É que quem se mexer primeiro, vai tocar o coração de muitos através da publicidade, e vão encher-se de dinheiro durante uma boa temporada.

Um Abraço

Migas (miguel araújo) disse...

Sabe meu caro Terra & Sal, há uma questão no seu comentário (entre muitas, obviamente) que me chamou particularmente a atenção.
A mim e a si.
A resmunguice da pequenota.
É que de facto ela tem razão. E quando tal acontece, nada me resta senão dar a mão à palmatória (e depois lá vem a sentença dela - o meu castigo).
Mas é um facto que, também nós, constantemente "bombardeados" (agora infelizmente está na moda) com as questões ambientais, depressa nos esquecemos delas. Por comodismo, por menosprezo, por antipatia político-partidária.
E acho interessante quando refere que as crianças até podem não saber correctamente a tabuada, mas poderão ficar com a sensibilização para o ambiente.
Eu acrescentaria mais... a escola (ensino) não pode continuar a ser a velha guarda do conhecimento ancestral. A Escola mais do que "pressionar" intelectualemente, deveria ter a obrigação de ensinar a aprender. Ensinar a investigar, a gostar de conhecer. E hoje é tudo muito mais fácil. A acessibilidade ao conhecimento, não tem, praticamente, barreiras. Porquê não aproveitar o momento.
tabuada?! tantos computadores e máquinas decalcular.
Há que desenvolver a capacidade de questionar, de racicionar e de descobrir.
Isto sim seria um ensino de qualidade e que nos desenvolveria como uma país de "verdade".
Deveria ensinar-se a aprender e a conhecer o Mundo - O Ambiente - A Cultura - a História - a Literatura - a Ciência.
De pequenino se deveria "torcer o tal rabinho", qu ´e o mesmo que dizer: puxar pelos neurónios.
Um forte abraço

Migas (miguel araújo) disse...

Caro Nelson peralta.
Interessante essa questão do uso das caixas de papelão abandonadas.
Pena é que só nos filmes americanos se utilizam os sacos de papel (como diz o "inconformado" amigo Abel Cunha).
Seria muito mais saudável para o ambiente.
Bem vindo a esta casa.
Volte mais vezes.
Cumprimentos