“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

25 abril 2006

Os cravos murcham...

Por muitas considerações socio-políticas que se façam, ao fim de 32 anos, comemorar o 25 de Abril, não é mais do que um acto histórico, como o é o 5 de Novembro e o 1 de Dezembro.
Não se trata de minimizar um processo que é o marco mais importante da história política, social e democrática de Portugal.
Trata-se sim de ter a noção que esse mesmo marco, é, para a maioria da nova geração (menos de 35/38 anos) uma referência apenas histórica que o tempo se encarregou de circunscrever à história contemporânea portuguesa.
Não são pois os exíguos saudosismos e “chavões” demagógicos que vão enriquecer ou manter viva a revolução.
Revolução que ninguém tem o direito de a limitar à esquerda, ao centro ou à direita, já que, quando a mesma foi levada à prática, foi de todos e para todos. Só mais tarde a evolução e contra-evolução do processo de democratização da sociedade política nacional foi sendo “perfilhada” pelos vários quadrantes, muito por força da diversificação ideológica dos seus “capitães”.
No entanto, ao fim de 32 anos, este é um “25 de Abril” diferente.
Diferente num PS mais central e mais liberal, numa sociedade menos politizada, mais global, embora muito distante da equidade, da justiça, do desenvolvimento equilibrado do país, da educação e da eficácia económica.
A diferença de ter sido comemorada pelo primeiro presidente da república não eleito pelo quadrante da esquerda partidária, a qual se mostrou ainda com incapacidade democrática de digerir as últimas eleições. Pese embora o cuidado do PR de apelar à unidade pelo desenvolvimento económico e social do país, bem como à responsabilidade acrescida no desempenho das funções políticas dos membros das instituições democráticas, como é, por exemplo, o caso da Assembleia de República.
Porque não há melhor forma de comemorar a Revolução de 25 de Abril de 1974, do que enquadrar no tempo o estado de desenvolvimento de Portugal.
Mesmo sem cravo ao peito.

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