Depois de finda a leitura dessa maravilha literária que recomendo vivamente: "A Sombra do Vento" de Vasco Ruiz Zafón, entre amêndoas e os coelhinhos de chocolate que a filhota paternalmente ia deixando de sobra, dei por terminada a leitura do enignático Vasco Pulido Valente - Retratos e Auto-Retratos.
Embora o título da obra seja precisamente o referido, a ordem de apresentação inverte-se logo na 1ª página.Vasco Pulido Valente, auto retrata-se primeiro, com o desenho memorial dos seus dois avós e do enquadramento social da época mais marcante das suas vidas (entre a riviravolta republicana e o fim monárquico), para, páginas mais à frente, deambular pela sua anarquia existencial, onde as constantes ausências de regras de conduta vão coexistindo com o pessimismo e a oposição a tudo o que é institucional, laboral (a sua passagem pelo Min. da Cultura), político e até mundano (com as suas próprias casas).
Esta primeira parte é o Vasco Pulido Valente no seu lado obscuro, algumas vezes perto do "dantesco".
Nos Retratos, encontramos um interessante desfolhar histórico, com uma análise politico-social ao melhor nível de Pulido Valente. Algo se aprende sobre Salazar - Àlvaro Cunhal - Sá Carneiro (seu herói político) e Cavaco Silva (seu ódio político).
Curioso é que, apesar das referências específicas à sua participação no MASP-I, nota-se uma ausência (eventualmente premeditada) do retrato (específico) de Mário Soares.
Um boa leitura político-social de um largo período histórico
3 comentários:
Viva Miguel:
Quando Vasco Pulido Valente escreve "reflexões" sobre as personalidades constantes do livro, fá-lo muitas vezes com um juízo crítico que peca, normalmente, pelo seu radical narcisismo.
Por vezes chega a dar a impressão de que escreve sobre essas personalidades instigado pelo facto de nele existir uma necessidade oculta de se lhes querer equiparar.
Caro José Mostardinha
Não pense que acredito em tudo o que o Pulido Valente escreve... muitas vezes pelo contrário.
Mas tem uma virtude. Concorde-se ou não, a sua prosa faz-nos sempre pensar!
E isso é ter mérito!
Um abraço
Caro Migas
Mau é quando estamos de acordo com tudo o dizem, mesmo que seja de alguém com a personalidade e qualidade de Vasco Pulido Valente!
Numa coisa estamos de acordo: Concorde-se ou não, este Pulido faz-nos pensar e esse é sem dúvida um dos seus méritos.
Cumprimentos
Pé de Salsa
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