Um País a funcionar a meio gás ou mesmo parado. Assim se apresenta esta terça-feira de Carnaval que está a chegar ao fim. Este é o "lead" da notícia do DN ("País a meio gás ou parado") mas que foi comum a tudo o que foi notícia e órgãos de comunicação social sobre a "não tolerância" neste Carnaval.
E de facto a medida tomada não se mostrou positiva, nem produtiva.
Já aqui, em "Carnaval da pieguice", demonstrei que a posição do Governo não faz sentido, nem tem o impacto prático que se quis transmitir.
Mas pior são as declarações de dois responsáveis governativos.
O Ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, já nos habituou a alguns "pastéis de nata" retóricos. Mas justificar o facto da grande maioria das empresas e entidades terem encerrado na terça-feira de Carnaval com a contratação colectiva é de gritos. Se não vejamos... se fosse essa a razão, nos quatro feriados que o Governo vai "abolir", pelas mesma ordem de argumentação, as pessoas vão faltar ao trabalho. Porque afinal os feriados constam da contratação laboral assinada. Que grande chatice e "melão". Afinal, terminar com os feriados não resolve o problema da produtividade.
Por outro lado, já os argumentos do "agarrado à tradição" usados por Passos Coelho viram-se contra o próprio. Porque se o mal são as tradições, então o Sr. Primeiro-ministro só tem que acabar com elas. Mas com todas... o Natal, a Páscoa, o 25 Abril, o 1º de Maio, o 10 de Junho, etc. etc.
Mas o que se estranha mais são as críticas de Miguel Relvas disparadas contra as autarquias quando fez o anuncio de que para 2013 volta a não haver tolerância na terça-feira "de" carnaval.
Não está em causa o facto de muitas ou grande parte das Autarquias "deverem milhões de euros". O que está em causa é o recurso a esse facto para argumentar a crítica contra as Autarquias que concederam a tolerância de ponto. É que o Ministro-adjunto, mais recentemente, deu para disparar contra o próprio pé. Será que ele já parou para fazer contas aos que uma autarquia poupa numa tolerância de ponto? Será que o Ministro-adjunto tem a noção de que o contributo de uma autarquia para o PIB é mínimo, agravado com o facto da "sociedade" não recorrer aos seus serviços por estar "parada"?! Será que o Ministro Miguel Relvas não percebeu que as Autarquias que não "fecharam portas" de nada lucraram com tê-las abertas (antes pelo contrário)?
Penas é que o Ministro Miguel Relvas não tenha tido esta frontalidade e esta coragem de enfrentar as Autarquias quando cedeu, claramente, na Reforma da Administração Local ao colocar a questão da fusão e extinção apenas nos mais fracos: as freguesias.
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