“Debaixo dos Arcos” foi, e ainda é, o primeiro blogue não virtual de Aveiro. Espaço de encontro, “tertúlia” espontânea, “diz-que-disse”, fofoquice pegada, críticas e louvores, ..., é uma zona nobre da cidade, marcada pela história e pelo tempo, onde as pessoas se encontram e conversam sobre "tudo e nada": o centro do mundo...

25 abril 2012

Falta de comparência...

Publicado na edição de hoje, 25 de Abril, do Diário de Aveiro.

Debaixo dos Arcos
Falta de comparência.

Cabe, a iniciar este texto, uma declaração de interesses: do ponto de vista pessoal, por princípio, o “meu” 25 de Abril é comemorado a 25 de Novembro.
Não que menospreze ou desvalorize a chamada “revolução dos cravos”. Entendo, de facto, que a liberdade foi (re)conquistada na madrugada de 25 de Abril de 1974. No entanto, entendo que a democracia foi instaurada a 25 de Novembro de 1975, após o chamado “verão quente”.
Não vou, no entanto, querer abordar aqui esta diferenciação de visão dos acontecimentos.
O que importa assinalar, independentemente dos pontos de vista, é que, hoje, comemora-se o trigésimo oitavo ano sobre os acontecimentos da madrugada do dia 25 de abril de 74. E a verdade é que, nesse dia, às “costas” de um destemido Capitão Salgueiro Maia a liberdade voltou a sair à rua.
De um processo militar contestatário até ao abraçar da liberdade pelos portugueses, a verdade é que a liberdade, a democracia e o 25 de abril não são propriedade de ninguém, mas sim valores de todos. No entanto, este “todos”, obviamente, tiveram rosto, determinação pessoal, vontade e coragem próprias, tiveram voz. Dos inúmeros militares comandados pelos “capitães de abril” (que muitos seriam também os de “novembro”) até a nomes tão conhecidos como Álvaro Cunhal, Mário Soares (e mais tarde, no período contra-revolucionário: Sá Carneiro, Adelino Amaro da Costa ou Freitas do Amaral), a reconquista da democracia e da liberdade fez-se também com todos os que, com cravo ou sem cravo, encheram as ruas, não só de Lisboa como do país.
Mesmo assim, neste momento ímpar da história política e social portuguesa são marcos e figuras incontornáveis aqueles que deram início ao processo de destituição da estrutura política e governativa do Estado Novo (num exercício meramente exemplificativo): Otelo Saraiva de Carvalho, Vasco Gonçalves, Vitor Alves, Sousa e Castro, Costa Neves e, obviamente, Salgueiro Maia, entre outros… a que se juntaram, no pós-25 de abril, figuras políticas como Álvaro Cunhal, Mário Soares, Manuel Alegre…
Passados estes 38 anos, muitos dos portugueses que hoje são já alicerce social, científico, económico e até político do país, são da geração pós-revolução que têm como referência uma realidade histórica (social e política) mas não vivencial ou real.
Daí que, o alheamento por parte de alguns importantes rostos do “25 de abril” das comemorações oficiais de hoje (associação 25 de Abril, Mário Soares, Manuel Alegre), independentemente da legitimidade das razões apontadas, apenas terão como consequência a desvalorização deste marco importante e significativo na história portuguesa, apenas contribuirão para a marginalização da celebração da revolução e reconquista da liberdade e do seu valor democrático e social.
Passe o exagero da comparação, mas faz lembrar um clube que, habituado a ganhar sempre, de repente deita tudo a perder com uma inqualificável falta de comparência.

3 comentários:

Anónimo disse...

Na minha opinião não houve alheamento nem desvalorização!
Houve sim um alerta para o que se
está a passar com os novos "donos" desta "democracia" que é só para alguns!
Só não vê quem não quiser!

Zé de Aveiro

Anónimo disse...

Mais um prédio em construção com pisos a mais!!!?
(a mesma razão que o prédio embragado em frente ao Centro Comercial OITA).

Convém averiguar junto da Câmara o porquê deste licenciamento não respeitar as "cérceas dominantes", conforme o artigo Artigo 11.º (Alinhamentos e pisos) do Plano de Urbanização em vigor desde 2009!

O prédio de esquina que está em construção, localiza-se no nº1 da Av. Araújo e Silva, junto à entrada norte do Parque D. Pedro V. (perto do Drinks).

PS: Consultar regulamento do plano publicado 2 de Julho de 2009
http://www.cm-aveiro.pt/www/templates/GenericDetail.aspx?id_object=32223&TM=2408S2591S2592S2597&id_class=1687

Anónimo disse...

Importa dar a conhecer:

"Em Aveiro o presidente da câmara pagou horas extraordinárias à equipa responsável pela revisão do PDM em junho-julho de 2019 (coisa nunca vista nos últimos 7 anos), para cumprirem os prazos já muito apertados para as entregas da revisão do PDM. Contudo, ao mesmo tempo autorizou férias de várias semanas, exatamente durante o mesmo período, ao recurso humano mais importante da equipa, ou seja da respetiva chefe - da divisão de planeamento! Para que serve esta chefe afinal, se não é necessária quando não há técnicos suficientes para acabar os trabalhos no horário de expediente normal para ser possível cumprir prazos?! Os recursos humanos, fretados para serm melhor pagos com horas extras não precisam de orientação da responsável maior pelo trabalho, numa altura de tão grande exigência?!….
Dinheiro bem gasto em horas extraordinárias ou não?! "Muito boa gestão de recursos", tal como autoapregoa o presidente?! Bizarro! Esperemos que os resultados do plano também não o sejam - contudo a competência fica já posta em causa! Importava investigar se as horas extraordinárias são lícitas, pois o responsável maior foi de férias, deixando os subordinados em autocontrolo!!! O presidente que diz gerir tão bem os recursos humanos da autarquia, não quer o responsável do trabalho a fechar os trabalhos?! Competência em causa ou favorecimento ?! São necessárias explicações!!! Exijam-se!"

Muito estranho ser publicado nas notícias (2019-08-02) que este documento de revisão (assim feito...) ter sido aprovado, por unanimidade, em sede de comissão consultiva – que é composta por 32 entidades!